Aranhas

AS ARANHAS

As aranhas são animais que pertencem ao filo dos Artrópodes, subfilo dos Quelicerados, classe dos Aracnídeos e ordem dos Araneídeos. Existem no mundo cerca de “50.000” sendo uma boa parte delas ainda não identificados, seu tamanho pode variar de 1 mm até mais de 30 cm de comprimento. Todas as aranhas produzem uma espécie de seda, embora muitas não fabriquem teias e todas são dotadas de algum tipo de veneno que utilizam para caçar ou se defender, mas somente um pouco
mais de “20” gêneros dessas aranhas com várias espécies representadas, que podem causar problemas para nós humanos, sendo que Brasil temos 4 gêneros das fatídicas matadoras: as do gênero Phoneutria = "armadeiras", as Loxosceles = "marrom", as Latrodectus = "viúva-negra" e as Lycosa = "tarântulas aranhas-de-jardim", ou até 5 se contar-mos com a caranguejeira do gênero Trechona venosa, (que apesar de não ter ainda registros de mortes, seu veneno em testes de laboratório é considerado como muito ativo).
O corpo da aranha é constituído de duas partes: o cefalotórax e o abdômen, o cefalotórax é formado pela cabeça e pelo tórax, soldados em uma única peça, que por sua vez é ligada ao abdômen por um pedículo, e todas as partes são revestidas por uma película com muitas cerdas e pêlos, as quelíceras são localizadas entre os olhos e a boca, são ocas e terminam com um acúleo em forma de garra, aí se localiza uma glândula de veneno, utilizado para paralisar sua vítima. Também possuem
nos lados da boca, um par de pedipalpos usados para esmagar e mastigar o alimento e nos machos, o término do pedipalpo é dotado de um recipiente que efetua a transferência dos espermatozóides. As aranhas tem uma boca diminuta; por isso seu alimento deve ser em forma quase líquida, para que possa ingerir tecidos sólidos, ela lança enzimas sobre o alimento, transformando-o em matéria liquefeita. A grande maioria das aranhas possui 8 olhos, que nem sempre são muito eficientes, e
esse número varia de acordo com as espécies, sendo que algumas delas nem mesmo possuem olhos. Como todo os aracnídeos, elas possuem quatro pares de pernas, e cada perna possui sete segmentos ou artículos. As aranhas “reais ou verdadeiras”, distinguen-se das “caranguejeiras” principalmente no modo de ferroar sua presa, ou seja, nas verdadeiras as quelíceras partem de fora para dentro (como num semi-círculo), já nas caranguejeiras as quelíceras partem de cima para
baixo (como duas espadas sendo enfiada no chão). Portanto não é pelo tamanho ou os pelos que se diferência as caranguejeiras das outras.

Há várias espécies sendo mansas, muito mansas, agressivas e muito agressivas. A seguir as aranhas venenosas do Brasil:

 

 

“ARMADEIRAS” gênero Phoneutria: são aranhas relativamente grandes, pois possuem até 4,5 cm de corpo e o dobro da medida de pernas, possuem 8 olhos com 2 na 1a, 4 na 2a e 2 na 3a fila. São cobertas de pelos cinzentos curtos e muitos espinhos pretos nas pernas. É a aranha mais agressiva do mundo, quando molestada não foge, mas ergue-se sobre as pernas dianteiras e podem saltar até 30 cm sobre o oponente.

Seu principal habitat é entre as bananeiras, amontoado de madeiras velhas, dentro de pneus velhos e locais escuros em geral, por esse motivo quando invadem as residências (principalmente os machos durante a época de acasalamento), procuram refugiar-se em locais escuros: como dentro de sapatos, ou debaixo dos cobertores, onde costumam ocorrer vários acidentes. Quando ela nos pica (que inclusive pode ser várias vezes pela sua agressividade), seu veneno de ação sobre o sistema nervoso periférico, causa muita dor imediata que irradia-se pelo membro, durando várias horas, e costuma agir em crianças mais rápido que a maioria das cobras, por isso é importante o uso imediato de atendimento médico em crianças de até 6 anos. As principais são: Phoneutria nigriventer, Phoneutria fera, Phoneutria rufibarbis e Phoneutria ochracea.

 

“MARROM” gênero Loxosceles: são aranhas pequenas com cerca de 8 a 15 mm de corpo e um pouco mais que o dobro de pernas, possuem apenas 6 olhos com 2 em cada fila. Tem um colorido marrom-amarelado no cefalotórax e pernas, e seu abdome parece uma pequena azeitona.

Costuma habitar entre amontoados de telhas, entulho velho, cascas de árvores velhas e barrancos, onde vive em "bandos" em uma teia parecida com um lençol de algodão. Não é agressiva, costuma picar quando entra nas roupas e seu corpo é pressionado. Sua picada não costuma doer na hora, mas passa a “queimar” após algumas horas, e seu veneno age de forma proteolítica (causando ferida no local), como também de forma hemolítica (agindo sobre os rins e fígado), dessa forma mesmo que a pessoa picada aparente não ter dores, tem que procurar atendimento médico, pois o veneno costuma agir aos poucos, podendo surgir os sintomas graves até 3 dias depois da picada.

As principais entre nós são: Loxosceles gaucho, Loxosceles similis, Loxosceles intermedia e Loxosceles laeta.

 

“VIÚVA-NEGRA” gênero Latrodectus: são aranhas pequenas com cerca de 8 a 15 mm de corpo e o mesmo tanto de pernas, possuem 8 olhos divididos em 2 filas de 4 cada. São totalmente pretas nas pernas e cefalotórax, e o abdome possui manchas vermelhas (quando em forma de ampulheta são as mais venenosas). São raras e constroem teias irregulares sob plantas das praias ou em locais escuros, assim como as aranhas marrons, onde vive uma certamente havéra várias (até centenas). Apesar de não ser a mais venenosa e no Brasil não ter muitos acidentes, é a que mais mata no mundo afora, assim é temida e encontrada em praticamente em todos os lugares do mundo. Não é agressiva, mas quando pica, seu veneno age sob o sistema nervoso central e periférico e sobre a musculatura lisa que reveste os órgãos internos do corpo, isso faz com que a vítima terríveis dores, calafrios, cãibras, febre, convulsões e nos casos mais graves a morte por parada cardíaca.

As presentes no Brasil são: Latrodectus geometricus (menos venenosa), Latrodectus curacaviensis e Latrodectus mactans (muito venenosa).

 

“TARÂNTULA” gênero Lycosa: também são conhecidas como aranhas-de-jardim, são de porte médio com 3 cm de corpo e o mesmo de pernas, possuem 8 olhos com 4 na 1a, 2 na 2a e 2 na 3a fila. São cobertas por pelos curtos cinzentos, com listras brancas no cefalotórax e com uma faixa preta em forma de “seta” no abdome. Assim como as viúvas-negras são encontradas em quase todo o mundo, porém esta é muito menos
venenosa, costuma ser covarde, procurando fugir do agressor, e sua picada só ocorre quando a vítima esbarra ou ela entra em seus sapatos. Habita em buracos dos barrancos, madeiras velhas, gramados em geral. Seu veneno age somente de forma proteolítica, causando apenas dores local e não necessitando de soro de anti-veneno, mas podendo deixar graves feridas no local da picada.

As principais no Brasil são: Lycosa erythrognatha, Lycosa nervosa, Lycosa nychthemera e Lycosa ornata.

 

"ARANHAS CARANGUEJEIRAS": no Brasil existem cerca de 300 espécies destas aranhas, apesar de serem conhecidas como "grandes e peludas", existem várias sem pelos e até pequenas (como a inofenciva papa-moscas que habita nossas casas), são temidas injustamente pois muitas das espécies do Brasil são mansas e sua picada apesar de doer (pelo tamanho dos ferrões), não costuma ser grave, causando nos casos mais graves febre ou irritação no local da picada, porém, as mais venenosas do mundo são caranguejeiras, como as temíveis espécies de "aranha da teia-de-funil, que habita a Australia, no Brasil também existe uma espécie venenosa: a Trechona venosa que tem o veneno semelhante ao da aranha armadeira, mas por só viver no meio da mata atlântica e no período noturno, não há registro de acidentes entre os homens, e por isso não entra na lista das perigosas. As mais conhecidas do Brasil são as do gênero: Aviculárias, Theraphosa, Xenesthis, Lasiodoras, Acanthoscurria, Pamphobeteus, Grammostola, Actinopus e a venenosa Trechona.

Jovem macho de armadeira (phoneutria rufibarbis) com 8 cm. 

Dr. Haroldo Tadeu de Araujo Grotto – Aracnólogo